domingo, 31 de outubro de 2010

A história de uma escolha



Convicta fui hoje votar. Entendo que vai muito além de um dever cívico. Entendo como uma verdade única. Entendo como desejo de não se abster da importância que temos na escolha daquele que presidirá por nós. É uma sensação que cultivo desde os meus dezesseis, vou emocionada. Na verdade me emociono com eleições. É assim desde menina. Nos tempos que ouvia sobre o Leonel, depois ativamente com o Lula lá e na escolha atual. Interesso-me pela corrente do saber. Daqueles que detêm a informação, seja ela porque viveu ou apenas leu em algum lugar. Confesso que pouco sei sobre a história, os movimentos da época, lutas sindicais. Confesso que pouco sei sobre os grandes feitos do passado. Mas afirmo que não me julgo alienada perante o "metiê" atual. Tenho sim um fato concreto. Passiveis de reforma? Sempre. Sou mutável. Mutante. Mudo. Tenho mudado. Vejo-me mulher. Sinto-me assim. É uma sensação indescritível. Aprendida com a doença. Com Camila. Mamãe. Meu pai. Pacientes. Família.
Comecei falando da política, pois isso que sinto quando vou as urnas, não é uma felicidade efêmera, me sinto convencida. Tenho certeza. Razão. São minhas escolhas. Escolho hoje viver menos raivosa. Menos ansiosa. Menos pitiática. Escolho hoje viver em harmonia. Escolho. Que beleza é a democracia de escolher. Escolher o que quero para mim e meu país. Comprometo-me viver essa sensação eternamente. Nunca esquecida. Nunca obsoleta. Viver acreditando. Viver na busca pela esperança. Onde almejo paz interna. Paz para o meu país. Acreditando num mundo justo, mais igualitário. Acreditando sempre naquilo que pleiteio. Hoje, acreditando nela.

Minha singela homenagem aos verdadeiros líderes desse país. Viva!

domingo, 12 de setembro de 2010

“Abre essa janela, primavera quer entrar...”


Sinto o sol reaquecendo a casa, fazendo brotar vida adormecida durante um gélido e longo inverno. Flores são o símbolo dessa exuberante estação que nos brinda com sua beleza e sensação de reflorescer. Reanimar. Revigorar.
Pulsa no peito o desejo de uma nova era. Era dos sonhos, da vida que segue, do triunfo da vitória. Em seu olhar, o tilintar dos sinos que dizem: “já é hora”. Hora de colocar em prática aquilo que aprendeu com a doença e vislumbrar dias de muita luz.
O enxoval quase feito, os cabelos resolveram vir ao encontro, os estudos prontos! A roupa começa a ter mais cor, a boca imita a flor e os dias com mais sabor. Ainda corre em busca da silhueta, a fé sempre fresca e a doçura de ser alguém que não se queixa.
Em meio ao azedume que viveu, adubou e regou a terra hostil e inóspita. Deixou a luz entrar e o jardim começou a desabrochar. Nele renasceu: rosas, jasmins, hortências, violetas, antúrios, margaridas, copos de leites, crisântemos, tulipas, girassóis... Camila.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Esther.



Significa estrela. Estrela guia. Estrela que me guia. Que guia a nós. Irmã da mãe. Nossa tia. Quase mãe. Um café, um almoço e um conselho. Uma coca-cola, um suco e mais conselhos. Um conselho sobre a vida, a roupa e o cabelo. Um conselho sobre o namorado, casamento e emprego. Papo longo, papo curto, tudo é motivo pra papo. Papo sempre bom. Papo às vezes chato. Papo sem papas na língua.
Diz-se baixinha, eu digo que é! A mais das irmãs. Mas é baixinha só no tamanho. Abraça o mundo, pois é boa, boa de coração. O gênio é meu também, numa versão melhorada que a idade ajudou a compor. Eu digo que é mãe do filho luminoso e é filha iluminada.
Presente em tudo. Na saúde e na doença. Principalmente na doença. Estava lá quando soube que tinha câncer, estava lá quando partiu. Ouviu seu último suspiro, sentiu o seu penar. No velório discursou: “Vai minha irmã querida, descanse em paz”. Eu cuido aqui das meninas, na verdade isso não foi dito. Ficou implícito. Cuidou. Cuida.
Cuida da Camila e da sua dor, pede para não raspar a cabeça, que é pra deixar que os cabelos se vão. Pede pra usar a peruca, compra a peruca. Pede que eu seja melhor, melhor de gênio, melhor de jeito, melhor por dentro. Cuida oferecendo sua casa num dia de sol ou chuva. Cuida ligando pra saber como estamos. Cuida ausente. Cuida com os olhos.
Outrora, foi Teté. Hoje Tia Esther. Um dia meio avó Esther. Para sempre quase mãe Esther.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Uma música pra ela.

Mamãe cantarolava essa música despretensiosamente, porém no fundo era sim para os seus três filhos. Ainda ouço-a cantar pela casa, um canto sereno juntamente como regava as plantas e como ao final da vida murmurava palavras doces de despedida. Hoje sou eu que canto a mesma canção pra ela “ ... agora era fatal que o faz de conta terminasse assim, pra lá deste quintal era uma noite que não tem mais fim, pois você sumiu no mundo sem me avisar e agora eu era um louco a perguntar, o que é que a vida vai fazer de mim?” Fez!


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Do lado direito do peito.

Eu tento não pensar que serei a próxima. Mas, confesso que não é fácil! Vivi até então e pude assistir sangue do meu sangue adoecer. De formas distintas as duas padeceram do mesmo mal. Sou filha e irmã, mas sou Fernanda e desejo não querer pra mim. Mas penso. Resisto, mas penso. Não vou ser a próxima. Mas penso.
A dor de perder a mãe ficou acumulada no peito. A minha dor andou por onde durante esse tempo? Diluída em doses homeopáticas em cada pedaço de mim, que ainda sangra quando penso que foi... da maneira que foi. Eu, Camila. Somos acima de tudo irmãs. Mas, processamos o sofrimento de maneira oposta.
Adoeço também. Adoeço angustiada. Sofro mais. Faço estardalhaço. Ela se cala. Choro de soluçar. Ela chora calada. Bato a porta raivosa. Ela bate silenciada.
Se pensarmos, eu tinha todos os ingredientes para que isso acontecesse comigo. Mas se pensarmos melhor, eu ainda apesar de tudo, guardo, falo, guardo, grito, guardo, falo mal. Ela guarda, guarda, guarda e guardará para sempre... do lado direito do peito.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

(Eu) Choro.

No banho. No Carro. Sozinha. Com gente.
No culto. Em casa. Andando sorrateiramente.
(Eu) Choro.
Com músicas. Com fotos. Com livros.
Por ELE. Por nós. Por motivos.
De dor. De felicidade. De saudade.
(Eu) Choro.
Cansada. Entristecida.
Esperançada. Comprometida.
Com fé. Em pé.
(Eu) Choro.
Por sonhos. Trabalhos. Filhos ainda amados.
Por Lucas. Por Vera. Por ELA.
(Eu) Choro.
Por colo. Afago. Cuidado.
(Eu) Choro.
Sim. Por mim. Pelo fim.
"Guerreiros são pessoas, tão fortes, tão frágeis"

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cabelos à vista!!

Uma penugem de neném. Finos, escuros e com vestígios ainda da careca. É um dilema, se olha no espelho e não se reconhece. Reconhece à falta de cabelos, a retenção de líquidos causada pelo corticóide, à mutilação do seio!
Mas reconhece que tudo tem um prazo. E que é preciso paciência, pois tudo voltará ao normal. Normal como antes? Nunca mais.
Outro cabelo, outra careca, outra cabeça. Eu diria ainda melhor! É de espantar a leveza como fala de sua vida, dos seus sonhos e até mesmo das suas dores. Dores causadas hoje pela sua aparência é fato. Quase chorou ao confessar: “parece que preciso dar satisfação do meu estado para todos, é como se eu estivesse afrontando alguém, é uma agressão o modo que me olham, às vezes me incomoda! E entendo que ficarei nessa situação por um tempo”.
Como é difícil. Eu queria possuir o poder da mágica para dar a ela o dom da invisibilidade, mas que ironia o que escrevo! É exatamente o contrário, temos que enxergá-la todos os dias. Eu preciso disso, é o meu combustível, é a certeza de que a vida continua. Mesmo sem cabelos, ela permanece viva.
A vida dela não para. A vida ficou parada aos donos dos olhares indiscretos e maléficos, pois perderam o seu tempo nesse breve instante quando não entenderam que é apenas aquilo que viram. Nada mais!
Antonie de Saint-Exupéry autor do livro O pequeno príncipe escreveu: "O verdadeiro homem mede a sua força quando se defronta com o obstáculo". A força da Camila é imensurável, os obstáculos são postos diariamente e um por um ela vai implodindo como quem manda aos ares um rochedo arraigado. Ainda bem que existem no mundo pessoas fortes. Camila é uma.
O ano chega a sua metade e ela traz em seus ombros uma carga inestimável. Em seus pés a fé que precisa prosseguir e na sua cabeça não os cabelos, mas a única certeza: saúde!





quinta-feira, 15 de julho de 2010

Eu envolvida...



Não somente com a enfermidade da estação. Mas com a doença do caráter, penso na moça ofertada aos cães raivosos que fez meu estômago saltitar passos ritmados. Inconcebível tal fato, pela brutalidade e indícios de crueldade. É digno de aversão coletiva, nos faz refletir que o mundo está “ao Deus dará”, entregue a penúria, ao acaso, sem rumo, sem norte.
Eu envolvida...
Não somente pelo desejo de ser mãe. Mas naqueles filhos no comando de uma casa. Modismos ditam o novo estilo de vida? Inversão dos tais valores. Hoje nada mais do que clichê perdidos juntamente com investimentos na educação e incentivo ao posto de novos cidadãos.
Eu envolvida...
Não apenas em virar Cinderela e morar num castelo encantado. Mas, pensando nas famílias que vivem no lixão e que de lá tiram seu sustento, alimento e formação.
Eu envolvida...
Não apenas em como melhorar minha profissão. Mas naqueles que adoecem por conta do estresse no trabalho fazendo sugar todas as energias, além de devorar o paradigma de mens sana in corpore sano.
Eu, comigo mesma, estabeleço uma conversação. Pacífica. E percebo que de tanto ficar envolvida com enigmas de difícil resolução, noto, que para todas as minhas charadas existe sim uma solução! E com direito a mapa da mina. Nesse pergaminho, existem dois caminhos: o primeiro árduo e repleto de curvas sinuosas, o segundo dotado de majestosas e frondosas paisagens. Nesse momento estou na encruzilhada pensando "conseguirei o pote de ouro, mas posso poupar minha saúde e tempo buscando aquilo que me faz bem. Com o pé direito, dou o primeiro passo "

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Uma descoberta!

Vinha hoje dirigindo, na rádio Nora Jones cantando Chasing Pirates lembrei-me de uma cena. Chorei. Eduardo no altar sendo batizado e recebendo a benção. No rosto, um sorriso puro, que sugere a magnitude dessa idade. Camila também se emocionou.
Passando pela praia de Camburi, pensava no dia de amanhã. Ficará noiva. E é de alguém que comprou briga com a doença e consegue amá-la pelo simples fato de se-la. Chorei de novo.
Parada no sinal, do lado o Boulevard da Praia, senti um contentamento ao refletir naqueles especiais que ao me ver dizem “Boa Tarde Tia Fernanda”. Chorei mais uma vez.
Virando a curva para entrar na Avenida Marechal Campos, pensei como gosto de voltar pra casa depois de um dia fatigante de trabalho. Sorri.
Entrando no Bairro de Lourdes não via hora de chegar e comer o pão quentinho trazido pelo meu pai. Sorri alegremente.
Ao chegar à rua me deparei com minha casa e ao ver a luz do quarto dela acesa, não me contive. Ri demoradamente.
Subi as escadas num só galope e no último degrau ao abrir a porta um sentimento tomou conta de mim e definitivamente percebi que a busca incessante pela tal felicidade tinha se acabado. Entendi que essa tal felicidade antes de morar ali, aqui ou acolá precisa morar dentro de mim. Agora, ela tem residência fixa.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O caminho...




Tentei fugir de algo que sempre busquei, caminhei apostando achar a cópia fiel. Os pés foram ficando feridos e a moça infeliz. Foi possível perceber que conseguia viver só, mas, faltava algo. Faltava o coração.
Perambulei durante um tempo, sem rumo, sem dono. Fui tão distante, fui ao extremo e quando pensei em renunciar lembrei-me que deixei pegadas possíveis de retornar. E foi isso que fiz. Aí, aqueles pés moribundos, agonizantes, se renderam. E voltei! Mesmo cansados foi possível um reencontro.
Decidi não mais lutar contra o seguro, contra o protegido, contra o verdadeiro. De fato não foi fácil voltar, mas de fato foi fácil aceitar. Foi fácil entender, foi fácil dividir e foi fácil querer.
No caminho de ida vi o novo. Foi saboroso. Mas passageiro. E logo enjoei. Pois o novo era só novo. Não tinha a magia do antigo, do conhecido. Era só aquilo, depois de desvendar queria voltar para casa, para o ninho, para o aconchego, para aquilo que sempre foi real.
No caminho de volta vi minha história e como fui feliz! Vi o quão é forte, por suportar meus altos e baixos, por nunca desistir de mim, de nós. Por entender minhas perdas, minhas dores e me dá o colo que tanto necessito. Tive vontade de viver tudo de novo, sem medo de pertencer, sem medo de ser de alguém, sem medo de ser, sem medo.
Voltei por mim, voltei por nós.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O vencedor


Pai. O texto fala dele. Sua trajetória é marcada principalmente por sua melhor qualidade, a hombridade. De infância humilde, apaixonado pelo Botafogo, o menino franzino que vendia “sonhos” na porta do cinema e engraxava sapatos vislumbrava dias melhores. Fez do seu desejo, seu legado. O encontro com a “baixinha” era a força motriz que faltava. Construiu nosso patrimônio com sua ajuda e por ser tão perfeccionista e persistente em suas ações. Perfeição para alcançar o seu lugar ao sol.
Personalidade forte, passos fortes, olhos fortes... Forte na doença dela. Uma muralha. Não fraquejou. Mas, já era hora de chorar e chorou feito pequeno na partida. Amputaram o seu amor e ele não mais voltaria. E a saudade? Essa doía palpitada.
Na doença da filha, já sabia a lição...
Desde sempre foi intenso, com a casa, com os valores, com as filhas. Em contrapartida em muitas situações o vejo frágil. Falo de uma fragilidade que transborda junto ao choro. Acho bonito de se ver, porque entendo como desculpas. Vejo-me parecida...
Meu pai. Meu espelho! Me emociono!As lágrimas também são de desculpas. Principalmente por não entender. Acho que é vitorioso exatamente por se mostrar tão capaz de superar com dignidade tudo aquilo que lhe é dado como provação. Fica também o exemplo e a eterna gratidão.
Profetizo sua velhice e sei que dela participaremos ativamente. A música cantada por Elis Regina com tanto fervor reverbera o meu pensar. “... nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não, você diz que depois deles, não apareceu mais ninguém...” E jamais aparecerá.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Antes que seja tarde (música)

olha, não sou daqui
me diga onde estou
não há tempo não há nada
que me faça ser quem sou
mas sem parar pra pensar
sigo estradas,sigo pistas pra me achar

nunca sei o que se passa
com as manias do lugar
porque sempre parto antes que comece a gostar
de ser igual, qualquer um
me sentir mais uma peça no final
cometendo um erro bobo, decimal

na verdade continuo sob a mesma condição
distraindo a verdade, enganando o coração

pelas minhas trilhas você perde a direção
não há placa nem pessoas informando aonde vão
penso outra vez estou sem meus amigos
e retomo a porta aberta dos perigos

na verdade continuo sob a mesma condição
distraindo a verdade, enganando o coração

na verdade continuo sob a mesma condição

PATO FU

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Caridade x Insatisfação

Insatisfação? Sensação da vez! Faço diariamente essa reflexão e posso definir como um misto de vazio interior com desagrado exterior. Carrego comigo seqüelas vivenciadas no passado e presente que ainda imperam fortemente. Penso como solução imediata a prática da caridade. E penso que é um anseio com dois significados, um sentimento em beneficio próprio e ao outro. De fato é isso mesmo, a possibilidade de amar ao próximo como a ti mesmo.
Tenho almejado paz de espírito. Reconheço a importância dos momentos de meditação. E neles me questiono sobre a prática da caridade. Sobre os preceitos doutrinados por Jesus Cristo e pela vontade de exercer o amor da forma mais singela e verdadeira, tento romper de vez com sentimentos ambiciosos em prol da felicidade, buscando o real sentido da nossa existência.
O exercício da caridade é a possibilidade de se colocar no lugar do outro. É abnegar do egoísmo, fazendo das necessidades alheias busca para transformação interior e também utilidade social. Já que para muitos, os impostos cobrados pelo governo já nos isenta do nosso papel perante aos princípios do cristianismo, que seria o sentimento de altruísmo ou a caridade.
E não falo de muito! Falo de gestos simples, o de ouvir por exemplo. Alivia a dor. E nos faz útil. Faz-nos sentirmos grandes! Sustentar a esperança de que os dias possam ser melhores é fazer o bem. Nutrir ao semelhante conforto espiritual é exercer a benevolência.
De novo volto para mim, mais uma vez. Às vezes me deparo com a escuridão, penso em esmorecer, mas, retroceder jamais! E me lembro que cada um de nós tem sua missão. E distingo a minha no meu trabalho, naquilo que faço com tanto comprometimento e convicção.
Nesse momento me sinto completa, tomada por sensações do bem! E reconheço que a tal insatisfação nada mais é que falta desse preenchimento e percebo que fazer a caridade é fazer o que gosto, é praticar o AMOR!




segunda-feira, 10 de maio de 2010

Feliz Aniversário.

Um dia especial. Comemoramos e brindamos a sua vida! Que a saúde possa ser o impulso para realização dos desejos e sonhos guardados no fundo do coração. A paz uma busca infinita. E o sucesso, espelho da sua persistência.
Minha irmã, que Deus seja o mentor de suas escolhas e luz para o martírio de dias sombrios. Que o nosso amado pai, te ame incondicionalmente. Guti, a energia e abrigo para quando for preciso. Eu, sua irmã de sangue e de alma, presença e incentivo de suas vitórias e conquistas. Família, a base para construção da sua.
Acredite, seremos platéia constante em sua vida, com direito a cadeira cativa. Assim, sentados na primeira fila, aplaudindo ao seu triunfo. E ao final, quando as cortinas do palco estiverem sendo fechada e as luzes apagadas, lembre-se sempre “o show não pode parar”.
Sempre juntos, agora e para todo o sempre. Nós te amamos.
Felicidades!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mal necessário.

Sabe aquela história do mal necessário? Pois bem, no momento é a tal quimioterapia. Que causa tanto desconforto e possui efeitos colaterais significativos (náuseas, vômito, diarréia, aftas, queda de cabelo, entre outros) Mas que por outro lado, é a possibilidade de pensar que existirá vida após essa provação. Que esse mal vivido atualmente nos trará momentos de muita felicidade num futuro que se aproxima.
Ponderar assim é pensar que somos perfeitamente passíveis de nos regenerar, de nos recuperar e ainda digo mais, somos totalmente capazes de tirar proveito de situações aparentemente desesperadoras em beneficio próprio. E posso afirmar com veracidade que tais males tem transformações de uma magnitude tão grande que pode modificar não só uma pessoa mas todo o meio que está inserida.
Partindo desse pressuposto e tendo como parâmetro a doença da Camila, que a princípio nos fez ter paúra da morte e logo nos intrigou, já que é nova, sem histórico de câncer de mama na família, saudável... Foi capaz de nos fazer refletir de como somos frágeis e estamos suscetíveis a adoecer nessa vidinha mundana. Foi responsável também por nos encorajar a enfrentar essa situação e nos mostrar que somos fortes já que estamos vivenciando um momento de extrema delicadeza e, além disso, trouxe implícito que possamos tirar da dor um ensinamento.
Acho que essa é a grande lição, a grande sacada da nossa existência. É tentar fazer da nossa passagem, tempos menos sofridos, já que a vida por si só se encarrega de nos dar obstáculos a serem superados. Questionar-nos é importante. Mas aprender é fundamental. E tenho aprendido. Aprendi que a dor é inevitável. Mas o sofrimento esse é opcional.
“Não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe”... Estamos no aguardo!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Na hora do sufoco...


Restam poucos!
Seria um desabafo ou uma reflexão?
Durante meus trinta anos, passei por dois grandes momentos de tristeza. E digo com solidez que em ambas as ocasiões o apoio recebido são daqueles que ficarão para posteridade.
Não esqueço o compromisso comigo e a força recebida quando pensei em desistir, não me esqueço da palavra amiga e do ombro oferecido quando achei que era o fim. Não me esqueço da preocupação quando as noites mal dormidas me faziam fraquejar. E não me esqueço do abraço apertado me dizendo “tudo vai passar”.
Penso nas orações e de como essa energia emanada foi sentida em nossos corações. Penso na demonstração de carinho e no colinho recebido quando as lágrimas rolavam sem explicação.
Penso nos olhares de afeto e compreensão, penso na fé divulgada em benefício da recuperação.
Mas penso também naqueles que mesmo distante não deixaram de pensar em nenhum instante. E penso naqueles que mesmo perto, perderam a oportunidade de estar cada vez mais perto.
E de tudo se tira uma lição! Fica estabelecido um paradoxo então! O que eu pensava ser verdade era ilusão... Mas sinto multiplicar o clamor pela cura e desse feito surgiu um novo efeito! São os novos laços infindáveis de amizade e ternura que ficarão para eternidade.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Camila...




Nossa pupila!
Me leva para cama e me diz com voz de menina que sou sua irmã querida.
Sai para passear de lenço na cuca e me explica que os olhares cruéis são apenas de pessoas desprovidas.
Alma generosa sempre compreendida.
O norte da casa e equilíbrio que motiva.
Doença amarga abençoada que ensina.
De carro novo sai em busca da lida.
Confessa que tomar banho careca é uma sensação impar.
Diz ao pai “obrigada por toda a vida”.
Agradece ao Senhor pela oportunidade concedida.
Espera à hora do casório e saída.
Promete que serei a madrinha das criançinhas.
Feliz, pois virei cunhada amiga.
Tímida!
Resignada pacientemente a força divina.
Num pranto calado às vezes se mostra quebradiça.
Mas logo se levanta e vai à busca da cura prometida.
Nossa Camila...
A esperança que a enfermidade é mais uma etapa a ser vencida.
E assim...
A tal doença temida se torna coadjuvante nessa história real de rimas.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Retrato de Familia














Família é partilha. Tenho uma grande. É daquelas que se encontram no Natal e no aniversário do sobrinho fulano de tal. Na minha família tem de tudo. É seleta. Repleta! Uns chegaram a pouco, outros partiram a tanto. Família grande é assim, muitas histórias, vitórias e sorrisos. Mas tem também o lado amargo, que um dia foi passado e às vezes insiste em voltar. Mas a gente olha para frente e entende que futuro sempre vem nos presentear.
Na minha família tem tias amadas, com cara de mãe emprestada. Na minha família tem primo temporão, com cara de filho “que ainda não veio não”. Na minha família tem prima afilhada, com cara de irmã agitada. Na minha família tem pai brigão, mas no fundo no fundo é um chorão.
Minha família é discreta, mas numa festa, se liberta. Na minha família se faz churrasco e “junta pratos”. Adoramos uma conversa, que muitas vezes, vai até o amanhecer.
Quando as sombras da saudade vêm me abraçar, lembro da família que ao meu redor está. E sei que com ela posso contar. Nesse momento penso em Deus e de como ele deixa pistas para felicidade. Aí, fica fácil achar. A família é o nosso lugar e é lá que devemos estar. Sempre, sem contestar!
Mas essa família ainda terá histórias para contar e ate lá "...o que vai ficar na fotografia são os laços invisíveis que havia..."

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O velho e o Moço

Para aqueles que me conhecem sabem da minha paixão por Los Hermanos. É como se cantassem para mim! Delicie-se.

Deixo tudo assim
não me importo em ver
a idade em mim
ouço o que convém
eu gosto é do gasto

sei do incômodo
e ela tem razão
quando vem dizer
que eu preciso sim
de todo o cuidado

e se eu fosse o primeiro
a voltar pra mudar
o que eu fiz
quem então agora eu seria

ahh tanto faz
e o que não foi não é
eu sei que ainda vou voltar
mas eu quem será?

deixo tudo assim
nao me acanho em ver
vaidade em mim
eu digo o que condiz
eu gosto é do estrago

sei do escândalo
e eles tem razão
quando vem dizer
que eu não sei medir
nem tempo e nem medo

e se eu for o primeiro
a prever e poder
desistir do que for dar errado

ahhh ora se não sou eu
quem mais vai decidir
o que é bom pra mim
dispenso a previsão

ahhh se o que eu sou
é tambem o que eu escolhi ser
aceito a condição

vou levando assim
que o acaso é amigo
do meu coração
quando fala comigo
quando eu sei ouvir

terça-feira, 20 de abril de 2010

Mãe.






Difícil falar. Tentarei escrever. Faltam-me palavras. Faz-me reviver.
Sinto falta das pequenas coisas. Do almoço de domingo e de sua passagem todas as noite pelas nossas camas. Sinto falta de compartilhar. Sinto falta do seu cheiro. Sinto falta do seu amor...
Em minha breve passagem por esse mundinho ilusório, meu coração salpica ao pensar o quanto sofreu. Um sofrimento da alma, uma doença da alma, que transcende a dor física.
Ela tinha adoecido por completo. O corpo não respondia mais as drogas. Estava resignada a partir. Foram realmente dias de muita luta e agonia. Deixou três corações sofridos, deixou uma casa onde era o seu refúgio e deixou como ensinamento o seu exemplo e o verdadeiro sentido da maternidade.
Nos gerou, amamentou, cuidou, ensinou,amou. Fez de sua vida a nossa! Fez de sua jornada nosso porto seguro, alicerce.
Pressentia que estava doente. Emagrecimento súbito, uma tosse inacabável... Sofreu sozinha. Não revelou... Mamãe era assim, não falava sobre suas angústias, guardava tudo em algum lugar... Camila a puxou.
Faleceu na presença de Tia Esther, sua grande irmã, parceira e confidente. Não sei se nesse exato momento sofreu, também nunca quis saber. No domingo véspera do acontecido, ficamos o dia todo no hospital, a base de morfina ela dizia coisas desconexas “Minhas filhas minha cama está no teto”. Tinha um olhar que reconhecia a todos que ia visitá-la, mas, às vezes se mostrava vago, distante, como se estivesse em comunhão com Deus. Fomos para casa já sabendo da sua ida, dormimos. Ela se foi pela manhã. Sucumbiu.
Tenho muito orgulho de ser sua filha. Agradeço por tudo, pela minha formação, pelos meus valores e pelas conquistas. Porém, o que mais agradeço é pela minha irmã. Sem ela a caminhada teria sido muito mais árdua e dolorosa. Sem ela não teria resistido.
Em meus sonhos a vejo sempre bem e feliz, como antes, num tempo de paz. Acredito que encontrou uma nova moradia e se refez. E de lá nos protege.Quando eu era pequena ela dizia “ Filha você tem um anjo , não esqueça a oração dele” E eu dizia “ Eu sei que tenho, só não sei onde ele está." Pois bem, agora eu sei."MÃE anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiaste a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina.Amém"

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A balzaquiana


Essa sou eu. Meu nome é Fernanda, mas poderia ter sido Carolina. Um brinde aos trinta! Principalmente pela plenitude que esta idade me contempla. Me fez incorporar uma vestimenta que antes eu não conhecia. Dona das minhas idéias. Consigo ser critica e ao mesmo tempo experimentar a ingenuidade da adolescência. Continuo sendo a inata sonhadora típica do signo de peixes e menina chorona de quando pequena. Emotiva e sensível, até mesmo nos mais simplórios romances. Boa de garfo e apaixonada pelo prazer da gula que vai desde a comidinha da vovó até os pratos mais requintados experimentados por aí. Meu paladar apurado se rende a um picolé de tapioca, milho cozido e canjica.
Envolvo-me com a boa música, principalmente aquela ensinada pelo meu pai. Predileção pelo frio apesar de venerar a praia. Amante da minha casa e das lembranças que nela estão. Fonoaudióloga por vocação. Viagens são planos para o futuro. Filhos também. Ansiosa e impaciente em tudo que faço. Dirigir é sinônimo de liberdade. Roupas minha paixão. Malhação! Esmaltes os mais variados. O cabelo antes uma preocupação. Ser loira vai muito além do platinado, é um estado de espírito. Maquiagem uma coleção. Cachorro a gato! Uma cor? Verde. Um sabor? Salgado. TPM! Muito mais que um sintoma físico, uma condição.
Busco o equilíbrio, mas às vezes parece ficar distante quando encontro comigo mesma. Geniosa. Carinhosa. Carrego na alma as dores da perda. Quando deprimida meu estômago dá sinais de fragilidade e absorve todo o sofrimento. Irrita! Tento relaxar. Respiro. Consigo! Nesse processo atual a cada novo dia a esperança e a certeza da cura povoam meus pensamentos no primeiro despertar.
Fé resgatada eleva meu pensar em oração, assim, agradeço pela oportunidade de recomeçar. Recomeçar... A meu ver é olhar para mim e dizer “Essa sou eu” Muito prazer!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Velha Infância



Falar de infância é falar de Jardim Camburi. Num tempo ainda que as ruas eram de barro e a lanchonete da moda chamava “ padaria esquinão”. Lá era o nosso point. Iamos em bando. Eu com minha gangue e ela com a dela! Não nos misturávamos, é claro! Camila era pirralha e eu? Me achava a tal, de nariz em pé , num rebolado só, era a pré-aborrecente . Ela a “pirralha” pagava rodadas e rodadas de picolé e guloseimas para os seus comparsas. O dono da padaria o “Coca” olhava desconfiado, até que um dia a dedurou. E dona Vera muito nascimento que era, suspendeu a conta e o tal “fiado” dançou.
A rua era Antônio Guilherme do Nascimento. O prédio Vila Rica. Foi uma infância abarrotada de coisas boas... A vida era simples... Os desejos também. Os finais de semana sempre em Maruípe, os verões em Guarapari e os carnavais no camping do siri. De longe, ela me observava dançar nas festas americanas, me copiava na performance de paquita e começava a se interessar pelos meus modelitos. Eu, metida que era não dava bola pra ela!
No bairro de Lourdes, foi a mesma coisa! Continuávamos a estudar na mesma escola. E por vezes, sentia Camila buscando a irmã. Mas essa irmã não estava. Estava na matinê da zoom, no cinema enturmada, zuando com sua cambada, muitas vezes até de madrugada.
E o tempo foi passando... A diferença de idade não mais pesava! E Camila tinha se cansado de ser deixada. Agora, queria ir para farra com sua rapaziada. Porém, a missão era ficar em casa, já que mamãe necessitava!Com a partida, tudo mudara! Como eu precisava! Queria ser ninada numa canção embalada até adormecer... Mas, metida que agora era não queria mais saber da irmã mais velha!
E tudo por um tempo se perdeu...
Eu buscava e nada! As palavras eram melindradas e a cama à noite me consolava! Brigávamos... Rompíamos... De volta o bem se estabelecia... Passava... Brigávamos... E a dor continuava!
Como mudar essa parada?
A doença veio encarregada de reverter! Deu uma porrada nas irmãs afastadas e elas passaram a se entender...Hoje a paz reina na nossa casa e a promessa é fazer sempre isso acontecer. A vida é muito engraçada , o sofrimento nos faz crescer.


terça-feira, 13 de abril de 2010

raspou...

Quando pequena os cabelos eram ondulados, na verdade sem uma forma bem definida. Na adolescência começaram a cachear, resolveu pintar! Comprou uma dessas tintas de farmácia e a cor ficou uma mistura de laranja com cobre (irmã, sinto muito mas foi isso mesmo). Os anos foram se passando e é claro que esse "shake" foi se perdendo e dando lugar a um castanho acinzentado e todo mundo dizia " Nossa! que cor de cabelo lindo! Mas, de novo resolveu pintar! Porém, dessa vez foi esperta, fez luzes numa "especialista" em cabelos loiros. Meu Deus! Que cabelo! Liso na raiz e cacheado da metade até as pontas. Parecia ouro! Reluzia!
De três em três meses ia ela toda faceira na tal "especialista" retocar a raiz e voltava sempre mais loira (ela adorava). Quando ia a uma festa ninguém gostava do cabelão escovado parecendo uma crina de cavalo, apenas eu (será por que?).
Bom...eu é claro por total influência começei também a incorporar a loirice,mas, não ia na tal "especialista", ia (eu confesso) numas cabelereiras com os nomes todos parecidos com o final "inha", ou seja, boa coisa não ficava.
Num certo momento ela cansou da tal " especialista" e virou nômade. Peregrinava de salão em salão, até que um dia "erraram a mão" e o ouro virou chumbo.
Pasmem! Camila chegou em casa com o cabelo chumbo! E detalhe, ia para Marataízes conhecer a sogra. É lógico que foi um drama, mas, como boa namorada que é, foi assim mesmo.
Quando voltou de viagem resolveu procurar um outro "especialista" para consertar o estrago. E qual foi a solução? Virar morena! Sim! Camila agora tinha os cabelos chocolates. E continuavam lindos...
Mas ela chorou a noite inteira por conta da morenice. E dessa vez teria que esperar seis meses para voltar a ser "blond" novamente, já que os cabelos precisavam descansar das tais agressões sofridas. É óbvio que antes mesmo do prazo vencer Camilinha voltará a ter a madeixas iluminadas.
Com a doença anunciada a quimioterapia veio para complementar o tratamento. E é sabido que os cabelos sofrem diretamente os efeitos da quimio. Durante o processo da doença presenciei o choro dela duas vezes. A primeira foi com a notícia do câncer e a segunda quando soube que realmente precisaria da quimio e consequentemente ficaria careca.
Passaram-se vinte dias e os cabelos começaram a despencar...assim, resolveu RASPAR. Chorou? Nem uma lágrima! Eu chorei? Todas...Todas as possíveis. Levantamos juntas? Sempre. Cada uma ao seu modo, cada uma a sua maneira...sempre foi assim e assim para sempre será.
Nunca revelei, mas, em todos esses episódios e em todas essas nuances minha irmã continuava linda e ainda continua. Essa história de sansão não cabe aqui...a força tem como sinônimo SUPERAÇÃO! E Camila tem a força!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

comer, rezar, amar



É atualmente o meu livro de cabeceira! Fala da busca de uma mulher por todas as coisas da vida na Itália, na Índia e na Indonésia. Em um trecho do livro ela conversa com seu guia espiritual e ele diz sobre uma figura humana andrógina, de pé, com as mãos unidas em prece. Mas essa figura tinha quatro pernas e nao tinha cabeça. Onde deveria estar a cabeça, havia apenas um tufo selvagem de samambaias e flores. E em cima do coração estava desenhado um pequeno rosto sorridente. Esse guia diz para Liz ( escritora e personagem principal do livro)que é exatamente nessa figura que ela tem que se transformar, ou seja, precisa ter os pés plantados no chão com muita firmeza, para que assim, seja possível permanecer no mundo, e então vem a parte mais interessante do livro , ele afirma que não se deve olhar o mundo através da cabeça e sim do coração. Com isso poderemos sim conhecer a Deus. Decidir que desejo isso para mim!
Independente de qualquer religião, eu desejo isso! Ah então tendo uma proximidade com ele me isenta de qualquer sofrimento? Claro que não! Mas ter fé e acreditar que é possível haver superação nos momentos de dificuldade são sentimetos que almejo conseguir.
O pontapé inicial por essa busca foi a doença da Camila. É necessária uma prática quase que diária. É preciso disciplina! Estar em prece, rezar ou orar seja qual for o sinônimo para agradecer ou pedir algo a Deus se faz com o coração.
E ela faz isso por muito tempo! Me questionei por diversos momentos por que minha irmã ia duas vezes a igreja num mesmo domingo? O que ela tanto fazia lá? Era realmente importante isso? Ela estava nessa busca...e ainda continua...E ela foi pelo amor...e eu pela dor...

domingo, 11 de abril de 2010

Vão se os cabelos...

... fica o amor fraternal, o respeito e a admiração por ela! Que irmã forte e guerreira! Um exemplo a ser seguido, nela posso encontrar tudo aquilo de melhor...serenidade, paciência e fé! Fé que resgato adormecida em algum lugar que deixei, quando me preocupava com outras coisas sem importância, quando achava que felicidade se resumia em valores pequeninos, em pessoas vazias. Estar com ela é aprender todo dia uma coisa nova e ter a certeza que estou mais perto de Deus e da minha mãe querida. Estamos chegando na metada da caminhada, caminhada árdua sim, mas, com REDESCOBERTAS grandiosas.
Obrigada irmã...Eu te amo!

Inicio...


Em junho de 2003 a confirmação da doença, mamãe estava com linfoma não Hodgkin! A batalha iria começar...foram apenas 5 meses e ela faleceu em novembro do mesmo ano. Foram momentos difíceis, cenas inesquecíveis,inúmeras internações, a doença a consumiu....e a nossa família também. Meu pai lutou até o final com muita dignidade, foi forte, um grande companheiro, um pai exemplar...
Eu na epóca com 23 anos e Miloquinha com 19, estavamos envolvidas com a doença mas fomos poupadas até o último instante, até o ultimo final de semana , sobre o fim... ele estava próximo.
Mamãe se foi muito debilitada, isso deixou marcas em todos nós. Os dias seguintes foram duros e sentiamos muito sua falta, a família foi muito importante, papai era o mais abatido, Miloquinha a grande fortaleza da casa e eu âncorada no trabalho e no namoro. Hugo foi fundamental...
O tempo foi passando e a dor diminuia com ele, o envolvimento com o dia-a-dia ajudava a esquecer o buraco deixado em casa. A saudade era inevitável(e ainda é),porém, conseguimos tocar nossas vidas. Nos anos seguintes muita coisa boa aconteceu, emprego novo, nascimento de Dudu, formatura de Camila, carro zero (para mim era...rs)enfim...
Em 2010 tudo seguia do mesmo jeitinho e na minha cabeçinha achei que desse mal não iria mais sofrer ,mas, em 22 de fevereiro minha querida irmã recebe o diagnótico de câncer de mama.
O sentimento foi o mesmo, o medo da perda, o medo da dor,pensar em presenciar os mesmo efeitos da quimio, a falta do cabelo,as náuses, o medo da exposição e ai o tal questionamento: comigo de novo???
Sim de novo! De novo porque ainda falta melhorar num monte de coisa,o aprendizado sempre é mais eficaz na dor e junto com os tais questionamentos vem também as reflexões...o distancionamento de Deus, o distancionamento da família e dos valores ensinados pela minha mãe amada!
NADA É EM VÃO!!! EXISTE UM PROPÓSITO PARA TUDO...
Camila fez a quadrantectomia e a primeira quimio, os efeitos têm sido brandos, porém, a queda do cabelo veio que veio. Hoje cortamos o cabelinho acima dos ombros e essa semana ainda passamos a máquina, quinta feira acontece a próxima quimio, duas de quatro!Os médicos estão muito otimistas e nós também, tudo dessa vez será diferente, ou seja, com final feliz!
Minha história com essa doença tem como personagens pessoas que amo e que de alguma forma não estão aqui apenas a passeio, estão aqui para ensinar! E eu como boa aluna, estou aqui para aprender...